“O ponto forte desse campo de saber é constituído pela incompletude, pela possibilidade de trabalhar a dispersão de sentidos, a dispersão das posições-sujeito, o provisório do acontecimento” (MORALES, 2000, p.31)
“ Trabalhar próximo a uma perspectiva do discurso, significa não esquecer o sujeito, nem o enfoque histórico do estudo” (MORALES, 2000, p.27)
"A análise de discurso como uma possibilidade de refletir sobre a produção de sentidos, não segundo uma perspectiva puramente lingüística, mas como uma proposta teórica que supera o âmbito específico dos lingüistas, tornando-se um outro referencial, com base no qual é possível criar novos significados "(MORALES, 2000, p.27).
“O discurso é constituinte e constituidor do sujeito, prática social de produção de sentidos que dá existência aos objetos, que cria condições e possibilidades para que as coisas do mundo signifiquem, para que a posição-sujeito seja preenchida” (MORALES, 2000, p.27).
Os paradigmas emergem a partir de “anomalias” no processo científico. Essas anomalias são responsáveis pela emergência de um novo paradigma em substituição a um antigo.O pensamento científico pós-moderno entende que o seu desenvolvimento se processa justamente através das lacunas que se expõem dentro da própria ciência.
Onde não há lacunas não há o que desenvolver, o processo já está completo, concluiu-se e “perdeu-se” em sua finitude. Dessa maneira, a ciência moderna viu seus postulados serem destruídos pela idéia de um fim em si e serem reconstruídos na pós-modernidade pela ideia de infinito e da multiplicidade teórica A nova estrutura social, política, econômica, religiosa, tecnológica e científica é, também, uma nova estrutura paradigmática, pois, o paradigma não influencia (e é influenciado) apenas pela ciência (KUHN, 2001).
"Movimento crítico e de clarividência que atualmente se desenvolve com relação à pretensão de autonomia e de emancipação que os ideais modernos da razão iluminada e da autonomia do sujeito tentam prosseguir" (RODRIGUES, 1999, p.70).
"O que de fato vem desde então ocorrendo é uma modificação na natureza mesma da ciência (e da universidade) provocada pelo impacto das transformações tecnológicas sobre o saber" (BARBOSA, 2000, p.7).
“A pós-modernidade realmente pode constituir-se como algo finalista. Um fim da história ou morte do sujeito. O solapamento do conceito de racionalidade. O nascimento do homem subjetivo. A decadência das estruturas sociais como família, igreja e o próprio Estado. Mas não é apenas isso. A pós-modernidade não é a “irmã má” da modernidade e muito menos sua tirana. A pós-modernidade nada mais é do que uma consequência natural de um mundo em desenvolvimento. E se desenvolvimento e progresso são argumentos (nostálgicos) para a manutenção da modernidade, a pós-modernidade não fica atrás nesse quesito, a não ser que não se possa considerar os avanços tecnológicos e científicos desse período” (FRANCELIN, 2004, p. 57).
“Apesar de não se ter uma definição “exata” do termo, a pós-modernidade não pode ser associada a todos os problemas da sociedade contemporânea. É necessário que os pensadores pós-modernos desenvolvam abordagens respectivas à temática. Não se pode confundir indecisão com flexibilidade. A pós-modernidade é caracterizada por esta flexibilidade que também é chamada erroneamente de fragmentação quando reduzida a aspectos midiáticos e tecnológicos. O desenvolvimento técnico e tecnológico, nestes moldes, já fragmenta bem antes da pós-modernidade. Dessa maneira, a saída é chamar a pós-modernidade de subjetiva, e pode até comportar este aspecto, mas não é o único.
Ao ser humano é necessária a vida em sociedade, em comunidades, com costumes e com culturas distintas. Isso não pode ser visto como problemas ou barreiras ao conhecimento. Esse é o ponto fundamental para desenvolvimento do conhecimento científico na pós-modernidade, ou seja, o pensamento aberto ao reconhecimento dessas distinções” (FRANCELIN, 2004, p. 57).
“O pensamento na pós-modernidade não pode isolar, não pode reduzir e não pode ser simplista, ou seja, os objetos, os sujeitos e as próprias disciplinas científicas trabalham de acordo com a multiplicidade que envolve e que é característica “essencial” do ser humano e da sociedade” (FRANCELIN, 2004, p. 64).
“A descontinuidade é reconhecida na pós-modernidade. Princípios de incerteza assumem posições centrais na construção do pensamento científico. A razão “positiva”, evento primeiro e único de verdades absolutas, revela-se como o mito dos mitos” (FRANCELIN, 2004, p. 64).
"Para que teorias, metodologias e conceitos sejam construídos, é preciso que a área se distancie das abordagens superficiais e se aprofunde em contextos epistemológicos, múltiplos e complexos, revelando as correntes de pensamento nas quais se apóia. Talvez este seja o caminho para a consolidação da ciência da informação na pós-modernidade" (FRANCELIN, 2004, p. 64).
BIBLIOGRAFIA
FRANCELIN, M. M. Configuração epistemológica da Ciência da Informação no Brasil em uma perspectiva pós-moderna: análise de periódicos da área. Ciência da Informação, Brasília, v.33, n.2, p.49-66, maio/ago. 2004
BARBOSA, Wilmar do Valle. Tempos pós-modernos. In: LYOTARD, Jean-François. A condição pós-moderna. 6. ed. Rio de Janeiro : José Olympio, 2000.
MORALES, Gladys B. A Produção de Sentidos em Perspectiva Pós-Moderna. Impulso
Revista de Ciências Sociais e Humanas, Piracicaba – São Paulo, v. 12, n. 29, p. 23-31,
2000.
KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. 6. ed. São Paulo : Perspectiva, 2001.
RODRIGUES, Adriano Duarte. Comunicação e cultura: a experiência cultural na era da informação. 2. ed. Lisboa : Editorial Presença, 1999.